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Talentosos

O HOMEM VELHO - VANDEJER ADRIAN

Acendi a luz da sala da memória dentro de minha mente
Vasculhei prateleiras
Remexi gavetas
Sala estranha, não tem lixo
Embora tenha bichos
Sentei no meio (no chão mesmo)
Porque é que quando a garganta aperta
E os olhos parecem em chama, quentes
Escorre deles água?
Não deveria escorrer fogo?
Um jogo estranho…
A noite caiu
Longe do templo, longe de companhia
Perto do esquecimento, olhando a poesia
se encontra.
A voz da Bahia soa alto
O céu de Platão, parelhas aladas num cavalgar estranho
O Homem Velho escreve sem parar
Escreve porque tem dúvida entre o chorar e o caminhar
Escrever um poema é o jeito de a mão chorar e caminhar
Meio-neo-zelandês-meio-americano-meio-brasileiro
Meio-francês-meio-africano-meio-cubano-meio-meeiro
Chove na cidade iluminada pelos postes
A companhia vetada pelo caso-a-caos
Por um rápido café, um licor
Um amor, uma dor indolor
Um pateta poeta sem meta
Que nada nada no mundo afeta
Que nenhuma meta acerta
Nenhuma seta atinge
E que linha tênue entre o gênio e o louco!
Genialidade e loucura são irmãs de sangue
Imersas em todas as mitologias
Sócrates-que-fala-por-Platão-que-fala-por-Sócrates
O quanto eu devo ter visto do céu?
O quanto Eros me ignora?
E esta vista ordinária, em ordinal quanto é?
E o quanto Afrodite me odeia (ou ama)?
Apois a mim, nordestino, ela me dá quentura, gastura
Apois cumigo, se avexa e esconde o sentido (fritura!)
As Musas que me inspiram…
E saio por aí…
Meio-hebreu também
Oooh, bem…
Vem…
Um escudo que sorri divino
Dona híbrida cínica
Quisera Deus tu enxergasses…
Visses o que me é tão claro…
Construíssemos o que hoje é tão raro
Eu rimo quando quero! Quando eu tô afim…
Partes de ti se espalham por aí
E, no entanto, permaneces inteira
Miragem? Triagem!
Viagem…
Velho Augusto, velho Augusto
Vossa benção, vossa barba espetante
Vossa sabedoria expectante
Vosso ar puro
Vosso cuspir, vosso fósforo no escuro
A benção, velho Augusto!
A benção!
A benção pra esse teu neto
Que hoje eu tô. Tô eu.
Embora ontem fui louco
E amanhã estarei rouco
E quando o mundo acabar
Restará só o mar e um côco
(Com água doce)
Que belo que fosse…
Poema-mosaico
Retalhos da alma
Poema cubista
Retalhos do artista
Uma carta sem destino que chega e que parte
A flecha mal atirada de Marte
E este sofrimento
Não um tormento… mas um sofrimento
Ao relento sem vento
Eu sento e me invento
De calor isento, eu tento
E depois me vou…
Há de haver alguém sem desdém
Há de haver um bem
Há de se ouvir um ‘vem’
Um sussurrado ‘vem’…
Dito por lábios vestidos de batom vermelho
Arquejados, sensuais
E no calor da noite
Se ter carinho nos cabelos, nas coxas
Os lábios no pescoço e no ouvido
E ali, amor ser
Amor respirar
Amor fazer
Amor transpirar
Amor pirar e respirar
Amor arfar, arquejar
Amor tremer
A noite embalando
O mundo se findando enfim
Fechando as cortinas depois da agonia sair
O mundo bocejando pra dormir
Sonhando, depois de tanto pensar em mim…
E alguém vindo com uma tocha assim
Alguém que ao apagá-la, sussurra: “Fim!”
Vandejer Adrian

Visite o blog do autor:  http://vandejer.wordpress.com/

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